sábado, 16 de abril de 2011

Começando a conhecer - Carlos Drummond


Carlos Drummond de Andrade




Biografia de Carlos Drummond de Andrade




Nasceu em Minas Gerais, em uma cidade cuja memória viria a permear parte de sua obra, Itabira. Posteriormente, foi estudar em Belo Horizonte e Nova Friburgo com os Jesuítas no Colégio Anchieta. Pela insistência da família, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto, em 1925 profissão pela qual demonstrou pouco interesse. Com Emílio Moura e outros companheiros, fundou "A Revista", para divulgar o modernismo em Minas e no Brasil e onde publicou em 1928, o poema “No meio do caminho” que provocaria muito comentário.


No mesmo ano em que publica a primeira obra poética, "Alguma poesia" (1930), o seu poema Sentimental é declamado na conferência "Poesia Moderníssima do Brasil", feita no curso de férias da Faculdade de Letras de Coimbra, pelo professor da Cadeira de Estudos Brasileiros, Dr. Manoel de Souza Pinto, no contexto da política de difusão da literatura brasileira nas Universidades Portuguesas. Durante a maior parte da vida, Drummond foi funcionário público, embora tenha começado a escrever cedo e prosseguindo até seu falecimento, que se deu em 1987 no Rio de Janeiro, doze dias após a morte de sua única filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade. Além de poesia, produziu livros infantis, contos e crônicas.



Quando se diz que Drummond foi o primeiro grande poeta a se afirmar depois das estréias modernistas, não se está querendo dizer que Drummond seja um modernista. De fato herda a liberdade linguística, o verso livre, o metro livre, as temáticas cotidianas. Mas vai além. "A obra de Drummond alcança — como Fernando Pessoa ou Jorge de Lima, Herberto Helder ou Murilo Mendes — um coeficiente de solidão, que o desprende do próprio solo da História, levando o leitor a uma atitude livre de referências, ou de marcas ideológicas, ou prospectivas", afirma Alfredo Bosi (1994).



Começou a escrever cedo como, poesia, livros infantis, contos e crônicas, mas durante a maior parte da vida foi funcionário público, no Rio de Janeiro, onde foi morar.



Várias obras de Drummond foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas.

Dentre suas horas poéticas mais importantes destacam-se: Brejo das Almas, Sentimento do Mundo, José, Lição de Coisas, Viola de Bolso, Claro Enigma, Fazendeiro do Ar, A Vida Passada a Limpo e Novos Poemas Os principais temas retratados nas poesias de Drummond são: conflito social, a família e os amigos, a existência humana, a visão sarcástica do mundo e das pessoas e as lembranças da terra nata
l.


Organiza o Natal


Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas. Será bom.


Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à cortina de nylon — sem cortinas. Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. Os objetos se impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado, reino da crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina de lavar roupa abraçada ao flamboyant, núpcias da flauta e do ovo, a betoneira com o sagüi ou com o vestido de baile. E o supra-realismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o mundo.


Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso. A crítica de arte se dissolverá jovialmente, a menos que prefira tomar a forma de um sininho cristalino, a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento.


A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro.

A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.


Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta no dicionário: p
az.


O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo. Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.


Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a depósito de doces, para visitas. Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.


A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.


O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.

E será Natal para sempre.




Ah! Seria ótimo se os sonhos do poeta se transformassem em realidade.




(Carlos Drummond de Andrade)




Texto extraído do livro "Cadeira de Balanço", Livraria José Olympio Editora -Rio de Janeiro, 1972, pág. 52.

Fontes:
http://pensador.uol.com.br/frase/MTgwNjU2/
http://www.culturabrasil.pro.br/cda.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Drummond_de_Andrade


Minha equipe entendeu que:

Pelo texto podemos entender sobre como seria se bom todo dia fosse Natal, como seria bom se todos os dias as pessoas deixassem um pouco as coisas de lado e se ligassem em apenas uma coisa: no amor.Como seria bom se todo dias as pessoas se cumprimentassem felizes, amando uns aos outros e se amando,sem preocupações ,sem tristeza, ódio ou algum sentimento do tipo.Carlos Drummond de Andrade conta isso, como essas coisas seriam boas e como esse sonho poderia se realizar algum dia.

Jéssica Nº 13, Sara Nº 29, Maisa Nº 21, Thamires Nº 33, Leticia Nº 18

3 comentários:

  1. na minha opinião, o natal é a época mais hipócrita do ano, porque em vez das pessoas serem generosas e boas umas com as outras o ano inteiro, preferem escolher um dia do ano inteiro, para que a paz e prosperidade reine sobre a terra. sem contar que é uma data totalmente hipócrita e tambêm comercial, aliás, todas as datas são, como o dia da páscoa(chocolate), dia da criança(brinquedos) e enfim. todas as datas estão relacionadas á comércio.
    ass: rafael nunes da silva

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  2. Muito bem, Rafael.
    Gostei de seu posicionamento crítico.
    Está no caminho da construção e emancipação do pensamento.
    Parabéns!

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  3. muito bom este texto ele é otimo se oq os poetas o mundo serio um lugar de alegria felicidade gentileza vindo de todas as pessoas ,mais nem todosiriam gostar,por um lado o natal é uma farça todos pelomenos tentam se gostar e se amar.
    matheus dos santos n°20 8°b

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